A sede da Abit recebeu um seminário na manhã desta sexta-feira (25.03), promovido pela Apex com Agência Regional de Desenvolvimento da região de Paris-Ile-de-France e a Ubifrance, órgão francês para comércio exterior. Entre estilistas e empresários brasileiros mais representantes da moda francesa (principalmente das grandes feiras de moda e design), a discussão em pauta era "fomentar um intercâmbio entre a indústria da moda dos dois países", como definiu o cônsul geral da França, Sylvain Itté.
O clima era de otimismo, apesar das poucas propostas reais partindo dos principais participantes das mesas, que trataram de roupas, acessórios e design de interiores, mediadas por Regina Guerreiro e Lilian Pacce.
Muito se falou entre as (poucas) experiências dos brasileiros na capital francesa. O exemplo mais lembrado foi a parceria entre os Irmãos Campana e a Lacoste, em 2009. Entre as participações dos brasileiros no cenário exterior de feiras, o sentimento era misto. "O faturamento ainda não é de grande expressão", disse Roberto Dawidovicz, vice-presidente da ABEST, sobre as marcas que participam desse cenário de showrooms. "A estratégia é de construção de marca, mais do que comercial", explicou Christine Kopschina, da Abicalçados. Entre os exemplos mais bem-sucedidos estava o da tricoteira Cecília Prado, que tem 60% do seu faturamento baseado em exportação.
Entre as poucas vozes dissonantes, o consenso era que o Brasil ainda precisa investir muito em cultura e indústria têxtil, preço e qualidade de produto. Veja os highlights:
. "Não podemos nos enganar e pensar que os franceses estão aqui atrás da criatividade brasileira. O Brasil é um potencial parceiro econômico, atualmente", explicou Gloria Kalil. "Nosso país é uma grande marca sem produto, precisamos de bases concretas para o desenvolvimento."
. O estilista Gustavo Lins, representante brasileiro na câmara da Alta-Costura francesa, também bateu importância da marca Brasil. E se ofereceu para promover parcerias com as indústrias nacionais. "Quero que meu ateliê seja uma antena da indústria brasileira em Paris, para formar modelistas. Não existe mais moda brasileira ou francesa ou chinesa. Existe moda, e ponto."
. "O preço não pode ser dissociado da imagem", explicou Muriel Piaser, diretora do Prêt-à-Porter, outro salão que está de olho no nosso mercado interno. "Queremos fazer parcerias para ajudar na criação de produtos que atendam às expectativas dos clientes internacionais".
. Uma boa ideia partiu do diretor de comunicação da feira Who´s Next, Boris Provost: "podemos convidar os criadores franceses para trabalhar junto com as empresas brasileiras. Assim promovemos intercâmbio e não temos os problemas das grandes taxas alfandegárias brasileiras".
. "Precisamos melhorar nossas escolas de moda, que ainda são primárias", disse Regina Guerreiro. "Esse é um ponto em que a França pode ter uma participação muito importante".
. No encerramento, Costanza Pascolato fez um apelo em defesa da indústria têxtil brasileira - e, de quebra, de toda a cadeia produtiva. "Nós não temos um aperfeiçoamento de modelagem. Eu falo isso para os meus clientes, sobre sua absoluta falta de técnica", disse. "É uma falha profunda, não só na técnica de compor as roupas, mas também em educação e cultura. E a indústria sofre, e sofrerá ainda mais no futuro".
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